Dizem que é preciso uma aldeia para criar uma criança. Isso porque toda mãe necessita de apoio para dar conta de cuidar de seus filhos. A Dona Cabra é uma mãezona como a maioria das mães: incapaz de deixar suas crias na mão. Por isso, quando Gaspar fica trancado na despensa, ela parte imediatamente à procura de ajuda. Esse é o mote de É preciso soltar o Gaspar!, do francês Geoffroy de Pennart.

O serralheiro, porém, se diz muito ocupado e não pode acudir. Ela recorre então ao policial, imaginando que talvez ele possa obrigar o serralheiro a soltar o cabritinho. Mas… nada feito outra vez! E assim segue esta divertida história cumulativa, enquanto a mãe passa por todas as esferas hierárquicas para tentar libertar seu filho – do serralheiro ao cozinheiro, do primeiro-ministro ao rei. Se todas as figuras masculinas da história ignoram seu pedido, é uma mulher, na verdade uma outra mãe, Valentina, que se solidariza com a Dona Cabra.

E não estranhe se os personagens de Pennart lhe parecerem um tanto familiares: o livro traz figuras icônicas dos contos de fadas em situações nada convencionais: o Gato de Botas é o prefeito e joga cartas com os três porquinhos; o lobo (mau?) Ígor revela-se um verdadeiro pai de família. Identificar esses ilustres pode ser uma parte bem gostosa da leitura.

A diversão se torna ainda maior quando, junto com o texto, vamos fazendo uma leitura das imagens: absolutamente cômicas, revelam que os personagens não estavam tão ocupados assim. O primeiro-ministro, por exemplo, posa para um pintor retratista enquanto segura um livro de culinária que, no quadro, se transforma no código civil. Na porta, ainda lemos em uma plaquinha: “reunião”.

Para saber se a Dona Cabra conseguiu salvar seu cabritinho, só mesmo lendo essa história. E nem adianta alegar estar muito ocupado para isso, hein?!

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É preciso soltar o Gaspar!

Geoffroy de Pennart

Tradução: Gilda de Aquino

Páginas: 36

Formato: 24,6 x 18 cm