Adélia, de Jean-Claude Alphen, é um livro surpreendente do início ao fim. Vencedor do Prêmio Jabuti de Melhor Livro Infantil de 2017, envolve o leitor em duas narrativas paralelas, a de Adélia e a de Eveline, que em dado momento irão se cruzar.

“Adélia morava em uma casa no campo.” Assim se inicia a história. Instintivamente, somos levados a crer que Adélia é a garotinha que aparece na janela, ao fundo da ilustração. É verdade que há um chiqueiro em primeiro plano, cheio de porquinhos cor-de-rosa, mas com certeza você não dará muita atenção a ele a princípio.

Então o narrador nos conta que, à noite, enquanto todos dormindo, algo bem estranho acontece ali. É quando se seguem diversas páginas apenas com imagem, nas quais acompanhamos a saga de um dos porquinhos até a casa principal. Outra vez o autor nos prega uma peça: quando pensamos que o bichinho tem a intenção de assaltar a geladeira, nos deparando com ele “assaltando” a estante da biblioteca, sentando na poltrona e deliciando-se com um monte de livros. Só aí ele nos revela: Adélia, na verdade, é a porquinha leitora.

E tudo transcorre assim, até que, em uma madrugada, Adélia é surpreendida por Eveline, aquela garotinha que, lá no começo, pensamos ser a Adélia. E não é que as duas descobrem ter o mesmo livro favorito? Adélia ganha uma nova amiga e companheira de leituras noturnas. E quando a gente pensa que chegou ao desfecho, o autor nos revela mais uma surpresa, que não vamos contar para não estragar a leitura.

As ilustrações em aquarela são um ponto alto da obra, e criam uma narrativa visual que contrasta o dia e a noite, brincando de esconder e revelar.

Um verdadeiro livro de suspense para crianças, cheio de simplicidade e afeto. Uma história de amor aos livros.

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Adélia

Jean-Claude Alphen

Páginas: 56

Formato: 24,8 x 20,6 cm