Bichos que existem e bichos que não existem, de Arthur Nestrovski, com ilustrações de Maria Eugênia, conseguiu um feito até então inédito: recebeu, em 2003, o Prêmio Jabuti de melhor livro do ano de ficção, desbancando romances, obras de crônicas, contos e poesias para adultos. Não à toa. Este livro infantil, além de bastante original, é muito divertido.
Cada dupla de página é dedicada a um bicho. Como o próprio título sugere, alguns são reais, como o cavalo-marinho, o tatu-bola e até o vírus, e outros são imaginários, como o lobisomem e a mula-sem-cabeça (quem sabe?!). Como diz o próprio texto introdutório, “tem bicho que existe e a gente não acredita. Tem outros que a gente não acredita que não existam. No final das contas, não há tanta diferença entre um bicho que existe e um bicho que não existe. Todos os bichos existem: nas palavras dos livros e na cabeça da gente”.
Há espaço para bichos da Grécia antiga, do folclore e da fauna brasileira, além de muitas outras criaturas diferentes e esquisitas, de verdade ou de mentira, espalhadas pelo mundo.
O texto de Nestrovski é marcado pela graciosidade. Seja pela tentativa de trava-língua (“o que os abominados exploradores abominam no abominável homem é que ele é abominavelmente grande e abominavelmente estranho.”), seja pelo jogo de palavras (“não sei nada sobre traças crianças. Mas conheço umas crianças traças, que comem tudo o que puderem.”), seja pelas referências populares (“um homem mau é muito mais mau do que um lobo mau.”), é impossível não esboçar um sorriso ao final da leitura de cada verbete.
Se o texto de Arthur faz o imaginário saltar as cercas do real, as ilustrações de Maria Eugênia, pra lá de coloridas, materializam a mais pura invenção.
Um livro indicado para todas as pessoas que ainda acreditam na fantasia.
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Bichos que existem e bichos que não existem
Arthur Nestrovski
Ilustrações: Maria Eugênia
Páginas: 56
Formato: 12,5 x 22,5 cm