Quem nunca acordou um dia com a sensação de que algo não ia bem? “Às vezes, você espera e espera e espera e espera e espera… mas nunca acontece nada. E então, de repente, todos os problemas desabam de uma vez”. Achou estranho essa reflexão em um livro infantil? Pois ela está em A árvore vermelha, obra-prima do australiano Shaun Tan, e dialoga com crianças, adultos… com qualquer pessoa.
A nossa tendência natural é tentar privar as crianças de sentir coisas ruins. Queremos que acreditem que o mundo é lindo e perfeito e que elas serão sempre felizes. Mas, no fundo, a gente sabe que não é assim. E que, assim como nós, a crianças também têm dias não tão bons. E se pra gente já não é fácil dar nome e expressar tais sensações, imagine para uma criança?
Em A árvore vermelha, Shaun Tan aborda sentimentos difíceis de explicar, como a melancolia, a tristeza e a solidão, e fala sobre como às vezes é complicado encontrar o nosso lugar no mundo. A personagem é uma menina que, já na capa, navega dentro de um barquinho de papel com uma fisionomia abatia, revelando que algo não vai bem. Ela acorda esquisita e um texto bastante poético tenta dar conta de explicar o que se passa com ela (e com o mundo ao redor).
As ilustrações surrealistas, de encher os olhos, não são mero apêndice do texto: explodem nas páginas e misturam os sentimentos da garota com as paisagens da cidade, permitindo inúmeras interpretações. Reserve um tempo para “lê-las”.
A mensagem final é de que nunca devemos perder a esperança. Porque, quando a gente menos espera, uma simples folhinha se transforma em uma frondosa árvore vermelha, renovando a vida e te fazendo lembrar de que, às vezes, as coisas mais simples podem ser as mais significativas. Basta que você esteja disposto a percebê-las.
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A árvore vermelha
Shaun Tan
Tradução: Isa Mesquita
Formato: 31,5 x 24 cm
Páginas: 32